FÓRUM ECUMÉNICO JOVEM - O que fazes ao tempo que tens?

por Ângela Roque

Coimbra acolheu este sábado o 16º Fórum Ecuménico Jovem. É uma iniciativa das várias igrejas cristãs, que este ano querem pôr os participantes a reflectir sobre a forma como gastam o tempo que têm.

“Para tudo há um momento e um tempo” foi o tema geral do Fórum Ecuménico Jovem, e não foi escolhido ao acaso. Para o padre Tony Neves, da equipa organizadora, esta é uma questão central nos dias de hoje, porque o tempo é desculpa para tudo: “muito do que é importante fica por fazer e o argumento é sempre ‘não tive tempo’ - não tive tempo de ir visitar a avó, não tive tempo de ir à missa, não tive tempo de participar no grupo de jovens, não tive tempo de fazer voluntariado, não tive tempo disto e daquilo”. 

“Este ano a grande opção é mesmo a de nos obrigar a pensar a riqueza do tempo que temos e a forma positiva como devemos geri-lo para que todos possam ganhar com isso”, diz o responsável católico da equipa ecuménica jovem. A questão vai ser abordada ao longo do dia em vários workshops sobre “o tempo posto ao serviço de quem precisa, o tempo e o voluntariado, o tempo para rezar, o tempo para a missão, o tempo para a solidariedade”. Para ajudar a fazer essa reflexão participam no Fórum representantes do Banco do Tempo e dos Jovens Sem Fronteiras, instituições habituadas a gerir projectos onde o tempo acaba por ser decisivo.

O dia ficará ainda marcado pela celebração ecuménica final: “é sempre um momento muito valorizado, se calhar é o momento mais preparado pela equipa ecuménica”.

Este Fórum é uma iniciativa conjunta das igrejas católica, lusitana, metodista e presbiteriana de Portugal. Realiza-se desde 99, mas a ideia foi ganhando consistência a partir de 97, quando decorreu na Áustria a Assembleia Ecuménica Europeia. É um dos momentos altos do ano no relacionamento ecuménico.

“Se fosse um projecto falido, sem sentido e sem  interesse já tinha morrido há muito”, sublinha o padre Tony Neves, que admite que o diálogo é mais fácil entre os jovens: “é verdade que se relacionam melhor e esbatem mais tudo o que tem a ver com diferenças”. E ainda mais os jovens portugueses que “não têm qualquer pressão histórica na relação entre as diferentes igrejas cristãs”, e por isso, “sem qualquer preconceito, complexo ou dificuldade aderem, alinham e acham muito bom que haja encontros com quem celebra diferente de nós, quem tem algumas ideias teológicas diferentes de nós, mas que acredita no mesmo Cristo”. Afinal, lembra, “é muito mais aquilo que nos une do que aquilo que nos separa”.

O responsável católico na equipa ecuménica jovem reconhece que ao nível das hierarquias das igrejas o relacionamento tem de ser mais institucional, mas lembra que já foram dados passos significativos, como a Declaração de reconhecimento mútuo do baptismo, que foi assinada em Janeiro deste ano.

O Fórum Ecuménico Jovem decorre este ano no Instituto Missionário dos Dehonianos em Coimbra.

Este vai ser um dos temas em destaque do programa “Princípio e Fim” Domingo, às 23h30, na Renascença.

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